quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Modernização ou marginalização de África?




Há muito tempo que desejava partilhar das muitas ideias ou questões que me inquietam no dia-a-dia, relativamente ao fenómeno do momento. A globalização.

Do ponto de vista Ocidental, aparentemente, o objectivo que se pretende alcançar com a tal fatalidade, a globalização, é a eliminação de fronteiras entre Estados, países e continentes, reduzindo deste modo, as diferenças raciais, económicas, sociais e até culturais; eliminação do conceito de Norte e Sul, do Este e Oeste, pela homogeneização de hábitos e modus vivendi entre todos os povos do planeta.

Isto implica, numa primeira fase, a transferência de técnicas, técnicos e tecnologias dos países Ocidentais para os países ditos pobres e, para África particularmente no sentido de estabelecer um equilíbrio económico, porque só assim é que podemos “falar a mesma língua”, aliás, além das técnicas, técnicos e tecnologias, transferem-se também as línguas, o Inglês principalmente. Eles (Ocidentais) oferecem-nos os seus computadores, os seus satélites, enfim, tudo quanto é necessário para se avançar rumo a um país ou Estado moderno.

Já do ponto de vista dos africanos, nem todos eles, visto que alguns, tal é o meu caso e de tantos outros “amigos” meus como Elísio Macamo, Florentino Dick Kassotche, Robert Mugabe e muitos outros que não posso aqui mencioná-los na totalidade, o fenómeno do momento implica uma base para se avançar rumo ao desenvolvimento ou modernidade. Os europeus “oferecem-nos” seus computadores, ensinam-nos a falar as línguas europeias, o Inglês principalmente, a usar a Internet, oferecem-nos os seus carros e transitamos, automaticamente da carroça animal, os seus aviões, enfim, tudo de “bom” que o africano não tinha. E eles, o que ganham em troca? Será que eles têm a missão “divina”, como alegavam com o colonialismo, de civilizar/modernizar a África e não desejam ou não têm nenhum retorno ou ganho? Que estranho.

Enquanto eles seleccionam o que querem ou devem enviar a África, inclusive os seus técnicos, no sentido inverso já não acontece o mesmo. São eles novamente que vêm para África e fazem a selecção do que querem e deixam o que não lhes interessa.
Dentre tantos outros, os produtos de que eles precisam são: o ouro, o diamante e o petróleo. Se nós queremos vender-lhes os produtos que produzimos internamente, tal é o caso do açúcar (em Moçambique), somos sujeitos a pagar taxas elevadíssimas visto que o nosso açúcar não é moderno.

Afinal, quem está de facto ajudando o outro a desenvolver? África ajudando o Ocidente ou o inverso.

O que me parece, na minha visão pacata e limitada, é que a África foi quem sempre ajudou o Ocidente a desenvolver e atingir o estagio actual e que ainda hoje o faz. O ouro, diamante e petróleo extraídos de África, quem faz a classificação, categorização e marcação dos preços é o Ocidente, mas para os Africanos, quem deve marcar os preços dos seus produtos são “eles”, que já são modernos.

Portanto, como diz o meu “amigo” Boaventura de Sousa Santos (2001), a Globalização é o conjunto de trocas desiguais, pelo qual um determinado artefacto, condição, entidade ou identidade local estende a sua influência para além das fronteiras nacionais...(pág. 69), os países Ocidentais estão mais preocupados em alargar o seu espaço de influência e exercendo ou dando continuidade a ideia de dominação(colonização, marginalizando deste jeito os africanos com a ideia de modernidade que, no meu entender, carece duma explicação exaustiva, ou então cada um tem o seu conceito de modernidade e, neste sentido, não seria necessária a intervenção Ocidental para tornar os africanos modernos, que sejam eles mesmos a definir o que é ser moderno para eles e quais são os passos a dar convista a alcançar o tal estágio.

CADÊ GABINETE DE APOIO ÀS VÍTIMAS DOS INCÊNDIOS

Nos últimos anos, Moçambique tem sido assolado por uma vaga e contínua onda de desastres, tanto naturais como os que resultam da acção ou inacção do próprio Homem.
Todos nós assistimos as primeiras grandes cheias, pelo menos por mim vividas desde que tenho consciência de ser um ser humano, no ano 2000. era o começo ou o baptismo duma situação que vem se prolongando até aos dias de hoje.

Na altura, certamente que todos nós achámos o fenómeno tão natural e não foi de grande espanto para a maioria de nós. Só que com esta, parece-me ter sido apenas o começo de uma série de tantas outras calamidades.

Deixem-me testar a capacidade da minha memória, já que, sendo africano, não podia fugir da regra dos meus antepassados. Os seus registos dos grandes acontecimentos ou factos eram marcados simplesmente na memória, raras vezes ou nunca faziam registos por escrito, o que nos tira a legitimidade de obreiros de muito conhecimento espalhado por todo o mundo. Também faço poucos registos e, por sinal, os que fortemente me marcam ,não quer isto dizer que as catástrofes não me sejam marcantes, sim não tenho registo de todas elas.

Mas, deixemos estas brincadeirinhas para lá e voltemos ao que nos interessa neste momento. Como disse antes, vou testar a minha memória para ver se ela tem o registo de quase todas catástrofes ocorridos desde o ano 2000.

Depois das retro mencionadas cheias de 2000, seguiu-se em 2003, o ciclone jafette, que devastou algumas zonas do sul de Moçambique. Daí veio a depressão tropical catrina, seguiram-se em 2004/6, cheias no centro e norte de Moçambique, com maior enfoque para o vale do Zambeze. De lá para cá, foram ocorrendo pequenos desastres sem grande notabilidade.

Em 2007, o propósito desta pequena escrita, é, até agora, o ano mais azarado e ao mesmo tempo de muita sorte. É natural que o termo sorte aqui aplicado suscite muitas inquietações ao leitor, é tão simples quanto isto, é o ano que pode ser considerado como sendo o “ ano da conclusão das nacionalizações” pelo menos no que diz respeito aos patrimónios antes pertencentes ao governo português, refiro-me à passagem da administração maioritária da Hidroeléctrica de Cahora Bassa (HCB) para o governo Moçambicano.
Olhando para o lado negativo, isto é, azarado, bem! não me deixem falar demais, é o seguinte: primeiro foram as cheias no centro de Moçambique, concretamente no vale do Zambeze que deixaram centenas de famílias sem abrigo, comida, etc,etc.
Face a toda situação referente às calamidades naturais, o governo Moçambicano potenciou o Instituto Nacional de Gestão de Calamidades (INGC) para providenciar o apoio necessário às famílias afectadas.

Seguiram-se depois as famosas explosões do paiol de Mahlazine que, vieram recordar momentos tão tristes para os moçambicanos. Já que disse anteriormente, não tenho registadas todas as catástrofes ocorridas, quero com isto justificar a “omissão” das explosões do paiol na cidade da Beira, por sinal e por se tratar do período das férias na minha faculdade, estava fora do país em gozo das minhas férias, não tendo por isso muitos dados sobre estas explosões que possa pintar as linhas deste papel. Depois das trágicas explosões “centrais” de Mahlazine, várias outras se vem registando em toda província e cidade de Maputo. Em resposta a estas explosões, o Governo, através do Conselho Municipal da Cidade de Maputo (CMCM), criou um Gabinete de Apoio às vítimas das explosões, que presta apoio às famílias vítimas, principalmente no que toca à reconstrução das casas destruídas pelas explosões.

Após as explosões, o grande facto que a minha fraca memória tem como registo neste momento são os incêndios, primeiro o que ocorreu no Ministério da Agricultura, que destruiu quase todo edifício e afectou os departamentos-chave daquele ministério, nomeadamente o Gabinete do Ministro, da vice Ministra, o Departamento do PROAGRI e o Departamento onde funcionava o Instituto Nacional de Veterinária. Veio depois o incêndio das bombas de combustível da Catembe que criaram um ambiente de pânico aos moradores daquela região,
Dadas as situações acima descritas, não é chegado o momento para dizer “cadê o Gabinete de Apoio às vítimas dos incêndios”? para dar resposta aos estragos que estes incêndios criaram...

Isto para não falar dos tantos outros incêndios que se registam em todos os lados e, tampouco dos muitos outros problemas que afectam este país, o caso da criminalidade, mas para este caso, o meu honrado docente Salomão Moyana tem insistentemente dando puxão de orelhas nos seus famosos editoriais, cá comigo viremos a tratar deste assunto nas próximas ocasiões.